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Uma carta para você,


Que é ser humano como eu, mas que às vezes tem vergonha de ser apenas um ser humano



Se você, que iniciou esta leitura agora, tiver filhos, pense no seu filho nesse momento. Se você não tem, imagine uma criança que você já observou se desenvolvendo. Você lembra da época que ela estava aprendendo a caminhar? Você lembra das primeiras tentativas que a criança dava ao engatinhar e depois ia se segurando em superfícies nas quais estavam disponíveis ao seu redor para ir tentando se equilibrar? E quanto tempo levou esse processo até chegar o momento desse serzinho começar a andar? E quantas quedas foram necessárias para isso acontecer? E você lembra de em algum momento essa criança teve vontade de desistir depois de uma queda? Ou ter sentido vergonha? Ela pode ter chorado pelos sustos que podia levar em suas aventuras ao tentar caminhar, mas passando algum tempo, a criança sempre volta as suas tentativas, visto que não há a possibilidade da criança desistir. A criança sabe que precisa seguir. A criança sabe que não importa o que se passe, ela vai levantar e continuar tentando, pois essa é a sua natureza e o seu instinto.


A natureza sempre sabe o caminho que ela precisa seguir.


Assim como, quando aprendemos a falar, quanto tempo levamos para balbuciar os primeiros sons? A formar as primeiras palavras? Quantas frases erradas dissemos e letras trocadas? E você já percebeu que quando escutamos uma criança falando errado, achamos a coisa mais linda do mundo?


E então, o que aconteceu com a nossa capacidade de lembrarmos - enquanto adultos - que para irmos nos desenvolvendo enquanto seres humanos, vamos errar, vamos cair, vamos falar coisas erradas, fazer coisas inadequadas? E que sim podemos rir e ver beleza nas nossas falhas e quedas, visto que isto faz parte da beleza de crescer, de se desenvolver, de viver. Dessa forma, meus amores, para te dar apenas um recado: a vida passa rápido. Não desperdice ela se preocupando em demasia em ser perfeito, em ser adequado, em ser suficiente.


E se você está aqui lendo o artigo de hoje é porque você, de alguma forma, é uma pessoa que busca se autoconhecer, contudo hoje não estou aqui para falar de nenhuma teoria psicológica ou algo mais profundo, vim aqui falar com todo o meu coração de algo muito simples, porém fundamental: não leve tudo tão a sério sempre. O processo de autoconhecimento de nada vale se não estivermos nos divertindo, amando, valorizando as pessoas que estão do nosso lado e tendo a sensibilidade para não deixar que passe despercebido o que é essencial.


Agora, quero que imaginemos juntos um cenário que simboliza bem essa reflexão de hoje, e nesse cenário hipotético você teria que fazer uma escolha entre as duas que serão propostas. Receber 2 bilhões de dólares amanhã na sua conta bancária ou a possibilidade de continuar vivo. O que você escolheria? Bom, acredito que não foi necessário muito tempo para pensar, não é mesmo? Então, se a possibilidade de continuar vivo vale mais do que qualquer dinheiro, se alegre, mas se alegre mesmo, pois se você está aqui lendo isso agora, você já tem o que mais importa: a possibilidade de estar vivo.


Portanto, se o que mais importa no fim, é a nossa vida, então cuide dela, se responsabilize por ela, sim se preocupe em melhorar e viver de maneira consciente, contudo, não se esqueça que para a experiência de estarmos vivos ser completa precisamos estar abertos para vivermos tudo o que contempla Ser Humano.


Por isso, lembre: não se envergonhe de às vezes fazer coisas que humanos fazem. Humanos erram, humanos falham, humanos não são perfeitos, humanos às vezes mentem, humanos choram, humanos perdem empregos, humanos traem, humanos finalizam relacionamentos, humanos perdem outros humanos, mas são através dessas experiências - que na maioria dos casos não gostamos de viver -, que aprendemos e buscamos também o outro lado: humanos aprendem a ser resilientes, humanos se reconstroem e podem descobrir a beleza do perdão ou descobrir novos amores após momentos de traições, humanos têm a oportunidade de se desenvolver e aprender depois de ter “falhado” em algo, humanos aprendem sobre amor, saudade e o que de fato importa quando perdemos alguém, humanos tem a capacidade amar, humanos tem a capacidade de perdoar, humanos aprendem a capacidade de seguir adiante e ressignificar as suas histórias.


Dessa forma, na minha humilde visão, viemos aqui para aprender justamente isso: a SER humano, para aprender a amar a nós mesmos, ao próximo, a perdoar, a errar, a levantar, a rir, a chorar, a ter vitórias, a ter derrotas, a saber ter dias bons e dias ruins. Dessa forma, meus amores, meu recado final é que possamos utilizar essa reflexão de hoje para nos propormos essa semana a treinar o nosso olhar para ver algumas coisas de maneira diferente, para observarmos em que situações não precisamos levar as coisas tão a sério, para que possamos valorizar as pessoas que estão ao nosso lado, para que possamos não ser tão críticos conosco e com os outros, para ter momentos de pausa e risadas ao longo dos nossos dias, para que possamos ser mais flexíveis de como as coisas devem ser.



A gente não sabe quando vamos embora daqui, e nem quando vamos perder as pessoas que mais amamos, e esse é um dos fatos que mais escracha a nossa falta de controle sobre a vida. Portanto, não viva uma vida no automático, desfrute o máximo que puder da sua vida, veja beleza nas pequenas coisas, faça mais o que você tem vontade de fazer, diga mais sim para a vida, diga mais não para o que você não quer fazer, aprenda a desagradar, se arrisque mais, confie no que você sente e não tenha medo de fazer escolhas erradas. E, para finalizar, seja apenas um ser humano vivendo a sua vida de maneira completa e permita que as pessoas que estão ao seu lado, sejam apenas outros seres humanos.


Com amor,


Marcela.

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1 Comment


Eliane Mattos
Eliane Mattos
Aug 29, 2023

Que texto mais lindo! Leve e de uma leitura deliciosa! Eu não queria que acabasse! “Uma carta pra você” é um lembrete pra vida! Pra ler todos os dias! Marcela querida muito obrigada por mais esse presente! 💙

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